je suis Charlie

Tarde de inverno com sol. O frio intenso que se tem feito sentir foi-se embora para outras paragens e deixou-nos para um tempo agradável de portas abertas para o terraço com plantas doridas mas ainda verdes...

Houve em Paris um atentado que fez vários mortos entre jornalistas do Charlie Hebdo e levou milhões para a rua em protesto. Ontem passei a tarde a ver a reportagem no Euronews... 

Tempos inquietantes estes...

Receio que o mundo que vou deixar ao meu filho seja muito mais complicado do que aquele que eu herdei. Somos ultrapassados por acontecimentos distantes que não conseguimos controlar. 

Nada tem a ver com aquele universo da minha aldeia onde as pessoas decidiam o rumo das suas vidas...

Agora a aldeia é o mundo inteiro.

noite de chuva

À uma da manhã, numa noite de chuva e frio, as ruas estão completamente desertas. O parque está tão só como eu; as luzes das janelas apagaram-se todas...

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Silêncio cortado pelo som da chuva que cai e envolve o fumo do último cigarro...

SUA EXCELÊNCIA VISCONTI

Ouvi há pouco na rádio uma discussão muito interessante sobre as 'coisas' em Portugal. Para mim, que sou velha, já não há qualquer esperança... As crianças e jovens ainda podem esperar que daqui a quarenta anos a situação esteja melhor... isto, claro, se a guerra que se adivinha entre a Ucrânia e a Rússia não acabar por nos destruir também...

Como chegamos a este ponto?

Tudo o resto são situações perversas... mais PS ou mais PSD ou o raio que os parta. Tudo o que a srª Merckel quer é que tudo fique na mesma e que a Alemanha possa prosseguir o seu caminho.

Lembra-me um filme de Visconti : '...é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma...'

Dor de costas

Ando há uns dias com uma dor na zona lombar que me tem deitado mesmo abaixo... Isto é sinal que a minha vida tem de mudar nem que seja só um bocadinho. Ir até Aveiro, por exemplo...

O mundo continua ameaçador - a Ucrânia está quase a entrar em guerra com a Rússia e a Europa é capaz de ir a seguir... Tudo por causa da Crimea que eu, na minha santa ignorância e desprendimento, nem sabia que existia até agora. Foi por causa de histórias como esta que começaram as duas guerras mundiais ...

Continuo com falta de dinheiro e falta de esperança. 

Tenho um projecto secreto mas é tão difícil que não sei.......

Apetece-me aprender. Não sei bem o quê, mas aprender é bom!

VIDA SEM ESPERANÇA

Há um ano que não escrevo nada.... Este silêncio não é um silêncio feliz, pelo contrário... Tenho pena de viver neste país onde tudo é constantemente ameaçado por um governo corrupto, e .... pronto, não há nada a fazer.

 Hoje dei-me ao trabalho de cozer meias e camisolas que a Daisy semeou de pequeninos buraquinhos quando resolve saltar para cima de mim. É uma forma simples de ir vivendo a vida já que não há esperança de nada...

O sol abriu agora timidamente, sol de Janeiro, sem calor nem grande brilho...

Tempo de silêncio, tempo de sonhar com dias melhores...

Às oito da manhã saí com a Daisy para a rua. 
Ele vinha a chegar com o seu Napoleão, de trela curta, com um ar cansado na cara. 
-Bom dia! Bom dia  Napoleão! disse eu quando se aproximaram.

-Já ando com ele bem há uma hora... Ele é que diz por onde quer ir....

O homem tem um ar miserável. Penteou-se esta manhã. Ainda tem água nos cabelos esticados. 

Conheço-lhe a mulher. Foi cozinheira na casa de um doutor, onde serviu mais de vinte anos. De lá ficaram-lhe as falas educadas, alguns preconceitos burgueses, a distância que apresenta com um sorriso. O marido foi ficando cada vez mais longe, mais 'bruto', mais igual aos seus amigos de juventude... Hoje já nem dormem juntos...

Quem diria que foi por este homem que ela se apaixonou quando era nova?!

É preciso compreender a vida para ver estas coisas... 

A beleza do mundo passa também por estas coisas indizíveis....

Notícias ameaçadoras

O mundo continua ameaçador e deprimente...

No entanto hoje o sol brilha aqui em Portugal e faz-nos sentir melhor  mesmo com as notícias das greves que estão programadas para este mês.

Amanhã vou para uma praia mesmo sem tomar banho, mas apanho sol e descontraio de tudo o que me tem afligido nos últimos dias.

A daisy estende-se ao sol no terraço. Para ela é fácil... só tem que se preocupar com a comidinha... 

Que feliz que eu já fui outrora!