segunda-feira, 29 de setembro de 2008

retomando a escrita...

Estou tão longe desta coisa da escrita que já não sei se sou capaz de dizer o que quero!...
A minha vida passa-se entre coisas muito concretas, a realidade do dia a dia, sem me dar tempo a uma reflexão, a um dobrar sobre mim própria e a realidade que decorre independente de mim, inexoravelmente...
Sonhos? Esses continuam a fluir, sempre impossíveis, sempre tão distantes que nem sei se realmente os quero ou se tudo isto não é uma forma grotesca de ir vivendo, lambendo as feridas.

Ontem, quando vinha de comprar o pão, um rapaz bateu-me com o carro no cotovelo esquerdo e deixou-me a tremer de dor. Tenho que aprender a defender-me e a aproveitar o que esta casa tem de bom, mesmo que fique num sítio realmente perigoso para quem anda a pé.

sábado, 24 de maio de 2008

anonimato

Nada pode ser mais anónimo que ser igual a tudo o resto ...
(assim me escondo)


quinta-feira, 1 de maio de 2008

Dia 1 de Maio, pelas 16:30

Fiz um almoço que dava gosto comer!... (estou sozinha é claro...)
Hoje é o dia do trabalhador e não faço nada de trabalhos; em Lisboa há desfiles pelas ruas a protestar contra o governo e o novo código do trabalho que está a ser discutido. Duvido que os jovens estejam nesses protestos. Normalmente estão longe destas coisas da política porque sentem que tudo isto está longe da vida deles e dos seus problemas.
Apetece-me teoricamente ir caminhar ATÉ À RIA OU IR DE CARRO ATÉ À PRAIA E ANDAR AO LONGO DA COSTA... mas só teoricamente ,é claro...
Na realidade fico em casa a imaginar tudo, fico em casa com todos os desejos impossíveis. Na realidade embrulho-me na minha solidão e penso que é só mais um dia que passa.
Quem me dera escrever sobre o mundo objectivo como um balde de lixo que é preciso ir despejar!

domingo, 13 de abril de 2008

Os sonhos

Acho que me compenso através dos sonhos...
Suponho que a carga de frustração é demasiado grande e que à noite, sem que eu o possa evitar, realizo oniricamente os meus desejos...
Enfim... há coisas mais patológicas...
Estou aqui em casa sem dinheiro nenhum para poder fazer qualquer coisa que me custe um cêntimo - ir ao Porto, por exemplo, e ouvir música na Casa da Música que ainda não conheço...
Mas o meu tempo há-de chegar. Hoje não consigo estar deprimida. Não, agora ando cheia de energia.
Daqui a pouco, depois de almoço, vou andar a pé. Caminhar é uma coisa que me fará muito bem ao corpo e ao espírito.

Que mais se pode pedir aos dias que passam?

sexta-feira, 21 de março de 2008

E depois, dentro de mim, não havia nada de verdadeiramente relevante... Nem grandes segredos comprometedores, nem psicopatias perigosas, nem génios escondidos da luz do sol... Não, nada. Era uma vida vulgar de uma menina protegida por um avô autoritário, numa casa grande onde se podia perder...

Dentro daqueles limites ninguém me chateava - lavava a cara porque queria (ninguém via se estava bem ou mal lavada), comia só o que me apetecia, lia os livros que encontrava, perdia-me nas histórias que ia contando à criada numa florescência de pormenores imaginativos.

[Tudo o que depois me aconteceu ... fui encontrar as forças neste paraíso ilimitado]

Ainda hoje, o meu filho e eu nos perdemos dentro da mesma casa...

Há sem dúvida quem não entenda esta complicada solidão.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

amizade

Ontem dei-lhe um abraço e senti o seu corpo tenso de sofrimento... Queria poder passar-lhe a mão pelo cabelo e anular com esse gesto tudo o que lhe mina por dentro a vida e o sorriso...
Dei-lhe um abraço e senti-lhe o corpo tenso de solidão.
Não sei que dizer para lhe poder anular aquele desgosto, aquela paragem no limite.
Quem pudesse ultrapassar esta dificuldade no agir, esta limitação no compensar!...
E poder dizer-lhe com verdade: 'pronto, está tudo bem.'

partida

Parto amanhã para o norte e como em todas as vésperas das partidas sinto vir ao de cima as minhas terríveis ambivalências. Querer ir e ao mesmo tempo ficar... esse é o problema que não vou conseguir resolver nunca...
Arrumei a casa e agora tenho que começar a fazer a mala com todos os inevitáveis esquecimentos.
Mas antes de tudo vou ter que comer e ganhar forças para agir.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Identidade

Domingo de sol com a cor azul no céu...!
Vêm-me à cabeça todos os sonhos que tive e que estão longe...
Não posso reencontrar a vida que passou, os sentimentos que tive e que hoje me parecem impossíveis...
Quem eu fui já não sou, ou melhor sou de um modo diferente.
Assim, quando tenho, por qualquer razão, de contactar com o que passou e está longe, sinto uma espécie de estranheza como quem se senta mal na cadeira.
Sinto-me mais perto dos sonhos que não realizei e que ficaram cá dentro à espera de poderem ser.
Esses é que são o meu verdadeiro cadáver.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Cansaço

'Limpei a casa e fiquei de rastos... Não presto para nada.' Isto é o que eu digo vezes de mais ao meu filho.

TENHO DE DEIXAR DE TER PENA DE MIM!


No lugar dos palácios desertos e em ruínas à beira mar...