sábado, 30 de janeiro de 2010

Meia noite

Na casa da frente, do outro lada da rua, há uma janela iluminada...
O ar está tão frio que afasta logo a ideia de sair da sala. Silêncio absoluto na noite.

Na casa da frente , do outro lado da rua, há uma janela iluminada...

Estendo as pernas cruzadas sobre a mesa e começo a povoar aquele espaço, entre mim e a casa da frente - todas as mortes do mundo, todas as tristezas dos desesperados... todo o amor dos amantes...

Como será estar prestes a explodir sobre um montão de gente? Como serão essas despedidas? Porque me escolheram a mim para esse fim e não outro que se senta a meu lado?

Na casa da frente, do outro lado da rua, há uma janela iluminada...

O olhar exangue da corça sob as garras do leão... A felicidade das crias perante uma nova refeição, que lhes assegura a sobrevivência por mais uma dia...

Na casa da frente do outro lado da rua, há uma janela iluminada...

Encolho as pernas e volto-me na cadeira.
Olho o filme da televisão. Não. São horas de dormir...
O tempo retoma o seu ritmo.