domingo, 31 de outubro de 2010

M. Vargas L.

,,,É 1h da manhã do dia 1 de novembro. Fui para a cama cedo mas o sono desapareceu-me dos olhos depois de ler umas páginas do livro de Mário Vargas Llosa que comprei há uns dois dias.
De certo modo não gosto muito dele . Parece um homem frio, um (d)escritor de situações objectivas, sem a minima paixão, mesmo quando fala delas. Falta-lhe sentimento; falta-lhe ardor, compromisso, coração...
Gosto de escritores que amam e sofrem e se entregam.
Mas acima de tudo gosto de ler e só por isso lhe agradeço o prazer que me dá...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tenho um cansaço maior do que eu.

domingo, 18 de julho de 2010

domingo

A Daisy não me deixava ler a porcaria dos papeis publicitários que fomos buscar ao correio... por isso entrei na sala e fechei a porta.
Aqui está um ambiente fresco, repousante. Tudo arrumado, a luz entra pelas persianas semi abertas.
Silêncio.
Olho o verde das plantas.
Apetece-me ouvir música - talvez Mozart ou os Gottan Project...

Nada como o sono leve da manhã para, num breve sonho, termos a percepção lúcida, nitida e precisa do que foi a nossa vida e dos pontos onde erràmos... ou não...
Quem me dera que o passado não fosse tão irremediavelmente perdido!

terça-feira, 15 de junho de 2010

A rapariga do supermercado

Vi-a quando estava quase a sair. Tinha uma pele dourada de sol, o cabelo loiro e a energia da juventude. O homem que estava atrás de mim olhava-a longamente.
Ela falava ao telefone com alguém e ria divertida junto da montra de cremes bronzeadores, sentindo-se incapaz de escolher um.
O dia estava quente e a hora já tardia obrigava-me a regressar a casa onde me esperavam as tarefas habituais e enfadonhas.

(Por vezes acontece-me que o cinzento dos dias são surpreendentemente iluminados por quadros como este e se transformam em coisas boas cheias de luz e de sentido.
Quem precisa de mais? )

domingo, 6 de junho de 2010

ambivalências

Levantei-me, peguei na Daisy e pu-la no jardim.
Não consigo gostar desta cadela! Não posso estar ao pé dela porque passa a vida a morder-me... Tenho os braços e as pernas cheias de nódoas negras e arranhões das investidas dela...
Meu querido 'Beethoven'! Que bom era o nosso convívio, cheio de cumplicidades!... Ainda agora estive a ler o que escrevi em 2005 e recordei a maravilha que foi a tua descoberta da queda das folhas vermelhas das árvores do parque... As folhas caiam no chão e amorteciam os nossos passos e enchiam de encantamento aquele passeio matinal...

Porque é que o passado tem de ser sempre melhor que o presente?

sábado, 5 de junho de 2010

o sentido da(s) história(s)

Eles falam da crise... e do futebol...
Para entender esta história fui ler a ?

o sentido da(s) história(s)

Eles falam da crise... e do futebol...
Para entender esta história fui ler a 'História de Portugal' do José Hermano Saraiva com a esperança que ela me mostrasse um sentido para tudo isto que eu não percebo, que me fizesse vislumbrar uma luz ao fundo do túnel. Mas não, nada disso.
As crises têm-se sucedido ao longo da história. Foi assim desde D. Afonso Henriques - em 1383, em 1540, em 1820 e por aí fora.
Sempre os pequenos a pagarem o que os grandes delapidavam levianamente... Sempre a maioria a desenrascar-se como podia, para que uma minoria pudesse manter o statu quo...
Grande lição de história!
Compreendo agora as palavras do 'Leopardo', que sendo um dos grandes, afirmava nostalgicamente: ' é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma...'


sexta-feira, 28 de maio de 2010

prazeres

Um bolinho de amendoa e ovos moles depois do jantar...
é bom...!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tédio

« Grandes são os desertos, minha alma

e tudo é deserto...»


Quando me rebolo no tédio de um certo dia a uma certa hora, é esta a frase que me surge dentro da cabeça...
Que farta estou de mim!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Momentos ao amanhecer

Gosto de ver o amanhecer. As luzes da rua ainda estão acesas, os pássaros ainda dormem, os gatos e os cães finalmente calaram-se... há uma forma especial de silêncio...
Daqui a nada o dia recomeça, as pessoas apressam-se nas lides do quotidiano e então é a minha vez de dormir.
Nas manhãs há uma forma especial de lucidez. As coisas obscuras tornam-se nitidas, os fios condutores das 'razões' ficam visíveis, o mundo adquire um sentido...
Há também uma certa forma de beleza no ar.

Pronto, agora que já disse isto tudo,posso aguardar calmamente o dia de trabalho.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O silêncio

Com o tempo, a gente aprende a calar-se.
Hoje quando me levantei todo o meu corpo doía.
As mãos, de manhã, não funcionam: tive que abrir a porta do quarto com a ajuda das duas... As costas doíam-me... os ombros, as pernas...
Assim, ao pequeno almoço, tomei um daqueles comprimidos fortes para as dores e quando o meu filho se levantou já eu podia sorrir e apresentar um ar funcional.

Como é que tudo pode fazer parte da minha vida?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Do amor e da ' Daisy '

O dia chuvoso convida ao recolhimento da casa...
O pior és tu, Daisy, que não podes brincar no jardim, sujar as patas na terra, correr atrás da bola que eu te comprei ...
Levo-te até à porta e digo-te: está a chover, vês, hoje não podes sair...
Voltamos para a cozinha e resisto como posso às tuas investidas furiosas contra os meus pés.

E isto é amor, Daisy, isto é amor , isto é amor...

Tenho os chinelos rotos de tu roeres as pontas que encontras soltas. Sabes, os chinelos feitos de malha de cores bonitas que comprei no Natal...

E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...

Cuidadosamente limpo-te a cama cheia dos restos da faca que roeste durante a noite, sem ninguém ver. A faca e o esfregão verde com que lavo a loiça e tu assistes curiosa aos meus gestos...

E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...

Olho os teus saltos, as tuas investidas contra a pá do lixo...
Estás com fome? Eu dou-te de comer.
É assim que eu tento decifrar a linguagem dos teu corpo... - é fome, é sono, queres colo...

E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...

As minhas calças, Daisy?! Olha o buraco que lhe fizeste! As calças que levei no passeio de outrora e era feliz, Daisy!
Furiosa bato-te por todo o sítio onde te apanho e tu foges espavorida para o pátio e rosnas e ladras e eu grito contigo e digo que não aguento...

E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...

sábado, 30 de janeiro de 2010

Meia noite

Na casa da frente, do outro lada da rua, há uma janela iluminada...
O ar está tão frio que afasta logo a ideia de sair da sala. Silêncio absoluto na noite.

Na casa da frente , do outro lado da rua, há uma janela iluminada...

Estendo as pernas cruzadas sobre a mesa e começo a povoar aquele espaço, entre mim e a casa da frente - todas as mortes do mundo, todas as tristezas dos desesperados... todo o amor dos amantes...

Como será estar prestes a explodir sobre um montão de gente? Como serão essas despedidas? Porque me escolheram a mim para esse fim e não outro que se senta a meu lado?

Na casa da frente, do outro lado da rua, há uma janela iluminada...

O olhar exangue da corça sob as garras do leão... A felicidade das crias perante uma nova refeição, que lhes assegura a sobrevivência por mais uma dia...

Na casa da frente do outro lado da rua, há uma janela iluminada...

Encolho as pernas e volto-me na cadeira.
Olho o filme da televisão. Não. São horas de dormir...
O tempo retoma o seu ritmo.