quarta-feira, 10 de julho de 2013

Às oito da manhã saí com a Daisy para a rua. 
Ele vinha a chegar com o seu Napoleão, de trela curta, com um ar cansado na cara. 
-Bom dia! Bom dia  Napoleão! disse eu quando se aproximaram.
-Já ando com ele bem há uma hora... Ele é que diz por onde quer ir....
O homem tem um ar miserável. Penteou-se esta manhã. Ainda tem água nos cabelos esticados. 
Conheço-lhe a mulher. Foi cozinheira na casa de um doutor, onde serviu mais de vinte anos. De lá ficaram-lhe as falas educadas, alguns preconceitos burgueses, a distância que apresenta com um sorriso. O marido foi ficando cada vez mais longe, mais 'bruto', mais igual aos seus amigos de juventude... Hoje já nem dormem juntos...
Quem diria que foi por este homem que ela se apaixonou quando era nova?!
É preciso compreender a vida para ver estas coisas... 
A beleza do mundo passa também por estas coisas indizíveis....