quarta-feira, 22 de agosto de 2012

DIAS DE VERÃO

Gosto destes dias frescos de Verão! As portas abertas deixam entrar a brisa e dão-me o sentido de uma sensualidade antiquíssima e obscura. Não sei mesmo onde vou buscar isto... 
Lembro-me que na casa do meu avô, no verão, as janelas estavam abertas e deixavam entrar o canto das cigarras e o ladrar dos cães.
Sentava-me então numa cadeira vermelha e deixava-me ali ficar no encantamento do momento, sem fazer nada, como se a vida não estivesse correndo para a morte.
-que estás a fazer?
-nada...
E era verdade. Nunca me cansei desse nada. 
(Não fazer nada era deixar correr o pensamento à deriva, era criar-me como personagem de uma história, à minha vontade, era ser o que eu quisesse...)
Houve sempre um intervalo entre o meu pensamento e a realidade...