« Grandes são os desertos, minha alma
e tudo é deserto...»
Quando me rebolo no tédio de um certo dia a uma certa hora, é esta a frase que me surge dentro da cabeça...
Que farta estou de mim!
terça-feira, 11 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Momentos ao amanhecer
Gosto de ver o amanhecer. As luzes da rua ainda estão acesas, os pássaros ainda dormem, os gatos e os cães finalmente calaram-se... há uma forma especial de silêncio...
Daqui a nada o dia recomeça, as pessoas apressam-se nas lides do quotidiano e então é a minha vez de dormir.
Nas manhãs há uma forma especial de lucidez. As coisas obscuras tornam-se nitidas, os fios condutores das 'razões' ficam visíveis, o mundo adquire um sentido...
Há também uma certa forma de beleza no ar.
Pronto, agora que já disse isto tudo,posso aguardar calmamente o dia de trabalho.
Daqui a nada o dia recomeça, as pessoas apressam-se nas lides do quotidiano e então é a minha vez de dormir.
Nas manhãs há uma forma especial de lucidez. As coisas obscuras tornam-se nitidas, os fios condutores das 'razões' ficam visíveis, o mundo adquire um sentido...
Há também uma certa forma de beleza no ar.
Pronto, agora que já disse isto tudo,posso aguardar calmamente o dia de trabalho.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
O silêncio
Com o tempo, a gente aprende a calar-se.
Hoje quando me levantei todo o meu corpo doía.
As mãos, de manhã, não funcionam: tive que abrir a porta do quarto com a ajuda das duas... As costas doíam-me... os ombros, as pernas...
Assim, ao pequeno almoço, tomei um daqueles comprimidos fortes para as dores e quando o meu filho se levantou já eu podia sorrir e apresentar um ar funcional.
Como é que tudo pode fazer parte da minha vida?
Hoje quando me levantei todo o meu corpo doía.
As mãos, de manhã, não funcionam: tive que abrir a porta do quarto com a ajuda das duas... As costas doíam-me... os ombros, as pernas...
Assim, ao pequeno almoço, tomei um daqueles comprimidos fortes para as dores e quando o meu filho se levantou já eu podia sorrir e apresentar um ar funcional.
Como é que tudo pode fazer parte da minha vida?
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Do amor e da ' Daisy '
O dia chuvoso convida ao recolhimento da casa...
O pior és tu, Daisy, que não podes brincar no jardim, sujar as patas na terra, correr atrás da bola que eu te comprei ...
Levo-te até à porta e digo-te: está a chover, vês, hoje não podes sair...
Voltamos para a cozinha e resisto como posso às tuas investidas furiosas contra os meus pés.
E isto é amor, Daisy, isto é amor , isto é amor...
Tenho os chinelos rotos de tu roeres as pontas que encontras soltas. Sabes, os chinelos feitos de malha de cores bonitas que comprei no Natal...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
Cuidadosamente limpo-te a cama cheia dos restos da faca que roeste durante a noite, sem ninguém ver. A faca e o esfregão verde com que lavo a loiça e tu assistes curiosa aos meus gestos...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
Olho os teus saltos, as tuas investidas contra a pá do lixo...
Estás com fome? Eu dou-te de comer.
É assim que eu tento decifrar a linguagem dos teu corpo... - é fome, é sono, queres colo...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
O pior és tu, Daisy, que não podes brincar no jardim, sujar as patas na terra, correr atrás da bola que eu te comprei ...
Levo-te até à porta e digo-te: está a chover, vês, hoje não podes sair...
Voltamos para a cozinha e resisto como posso às tuas investidas furiosas contra os meus pés.
E isto é amor, Daisy, isto é amor , isto é amor...
Tenho os chinelos rotos de tu roeres as pontas que encontras soltas. Sabes, os chinelos feitos de malha de cores bonitas que comprei no Natal...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
Cuidadosamente limpo-te a cama cheia dos restos da faca que roeste durante a noite, sem ninguém ver. A faca e o esfregão verde com que lavo a loiça e tu assistes curiosa aos meus gestos...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
Olho os teus saltos, as tuas investidas contra a pá do lixo...
Estás com fome? Eu dou-te de comer.
É assim que eu tento decifrar a linguagem dos teu corpo... - é fome, é sono, queres colo...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
As minhas calças, Daisy?! Olha o buraco que lhe fizeste! As calças que levei no passeio de outrora e era feliz, Daisy!
Furiosa bato-te por todo o sítio onde te apanho e tu foges espavorida para o pátio e rosnas e ladras e eu grito contigo e digo que não aguento...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
Furiosa bato-te por todo o sítio onde te apanho e tu foges espavorida para o pátio e rosnas e ladras e eu grito contigo e digo que não aguento...
E isto é amor, Daisy, isto é amor, isto é amor...
sábado, 30 de janeiro de 2010
Meia noite
Na casa da frente, do outro lada da rua, há uma janela iluminada...
O ar está tão frio que afasta logo a ideia de sair da sala. Silêncio absoluto na noite.
Na casa da frente , do outro lado da rua, há uma janela iluminada...
Estendo as pernas cruzadas sobre a mesa e começo a povoar aquele espaço, entre mim e a casa da frente - todas as mortes do mundo, todas as tristezas dos desesperados... todo o amor dos amantes...
Como será estar prestes a explodir sobre um montão de gente? Como serão essas despedidas? Porque me escolheram a mim para esse fim e não outro que se senta a meu lado?
Na casa da frente, do outro lado da rua, há uma janela iluminada...
O olhar exangue da corça sob as garras do leão... A felicidade das crias perante uma nova refeição, que lhes assegura a sobrevivência por mais uma dia...
Na casa da frente do outro lado da rua, há uma janela iluminada...
Encolho as pernas e volto-me na cadeira.
Olho o filme da televisão. Não. São horas de dormir...
O tempo retoma o seu ritmo.
O ar está tão frio que afasta logo a ideia de sair da sala. Silêncio absoluto na noite.
Na casa da frente , do outro lado da rua, há uma janela iluminada...
Estendo as pernas cruzadas sobre a mesa e começo a povoar aquele espaço, entre mim e a casa da frente - todas as mortes do mundo, todas as tristezas dos desesperados... todo o amor dos amantes...
Como será estar prestes a explodir sobre um montão de gente? Como serão essas despedidas? Porque me escolheram a mim para esse fim e não outro que se senta a meu lado?
Na casa da frente, do outro lado da rua, há uma janela iluminada...
O olhar exangue da corça sob as garras do leão... A felicidade das crias perante uma nova refeição, que lhes assegura a sobrevivência por mais uma dia...
Na casa da frente do outro lado da rua, há uma janela iluminada...
Encolho as pernas e volto-me na cadeira.
Olho o filme da televisão. Não. São horas de dormir...
O tempo retoma o seu ritmo.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
hoje o vento
Hoje o vento deixou em paz os ramos das árvores já quase sem folhas. Talvez fosse bom ir até ao mar e ver como as vagas descansam da agitação dos últimos dias...
Eu sei, eu sei que devia estar longe, que devia percorrer caminhos que me foram apontados insistentemente, continuar a luta...
Em vez disso, sento-me no sofá, desconfortavel no corpo e na alma, e olho para as varandas vazias das casas em frente...
Vem-me à cabeça um pensamento que escrevi na parede: ' o adiamento é a forma mais mortal (e mortífera) da negação'.
Assim se traça um destino... assim se vive uma vida...
Em vez disso, sento-me no sofá, desconfortavel no corpo e na alma, e olho para as varandas vazias das casas em frente...
Vem-me à cabeça um pensamento que escrevi na parede: ' o adiamento é a forma mais mortal (e mortífera) da negação'.
Assim se traça um destino... assim se vive uma vida...
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Mudança ou incerteza?
Na minha infância tinha tantas certezas!... Tudo parecia indestrutível e seguro.
Agora só se fala de mudança. Não de uma mudança verdadeira, profunda, que essa é difícil de fazer como tudo. Não, trata-se de uma mudança superficial, uma mudança do que é visível e aparente, e as pessoas andam de um lado para o outro confusas e atrasadas para apanhar o comboio da última moda...
Na minha infância havia o Verão e o Inverno e entre eles a Primavera e o Outono...
Agora, em Julho, o sol brilha como se fosse Fevereiro, de um modo tímido e longínquo.
Deverei ir para a praia em Fevereiro?
Agora só se fala de mudança. Não de uma mudança verdadeira, profunda, que essa é difícil de fazer como tudo. Não, trata-se de uma mudança superficial, uma mudança do que é visível e aparente, e as pessoas andam de um lado para o outro confusas e atrasadas para apanhar o comboio da última moda...
Na minha infância havia o Verão e o Inverno e entre eles a Primavera e o Outono...
Agora, em Julho, o sol brilha como se fosse Fevereiro, de um modo tímido e longínquo.
Deverei ir para a praia em Fevereiro?
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